Como Encontrar Sabedoria no Caos

Sabe aqueles momentos da vida quando tudo vira mar revolto? Como navegar com sabedoria por esses momentos quando tudo estremece e se agita ao mesmo tempo?

Annah

4 min read

time-lapse photography of ocean waves
time-lapse photography of ocean waves

Quando a Vida Vira Mar Revolto

Há momentos na vida em que tudo parece sair do lugar. Aquela rotina que trazia segurança de repente se desfaz. O horizonte que parecia claro se cobre de névoa. E, sem aviso, a onda chega.

Gigante.
Imprevisível.
Impiedosa.

Assim surgem os tsunamis da vida. Esses eventos que viram tudo de cabeça pra baixo. Eles não avisam. Não pedem licença. Eles entram, desmontam, e te colocam frente a frente com partes de si que você preferia manter adormecidas.

Eu vivi um desses recentemente.
E talvez você esteja vivendo o seu agora.

Quando o chão desaparece

Foi como se alguém chacoalhasse o tabuleiro do jogo da vida e tirasse todas as peças de lugar.

Tudo na minha vida se moveu.
As certezas tremeram.
As estruturas racharam.
A parte de mim que sabia "o que fazer", de repente, não sabia mais nada.

Nessas horas, é fácil acreditar que estamos sozinhas.
Mas, lá no fundo do meu ser, algo sussurrava.

Uma lembrança antiga, quase esquecida das férias à beira-mar na infância.
Do cheiro de maresia no vento.
E da lição mais profunda que aprendi sem perceber: existem duas formas de não se afogar quando a onda gigante vem.

Primeira forma: a dança da presença

A primeira maneira é estar atenta.

Observar os sinais.
Ouvir os sussurros da maré antes que ela grite.
Estar com os pés descalços no presente, ouvindo o corpo, sentindo o mar, percebendo seu balanço que muda.

Se você percebe a onda grande antes dela chegar, pode correr ao encontro.
Não para vencê-lo, mas para dançar com ele.
Flutuar sobre a crista da onda com confiança.
Não resistir, mas confiar no movimento.

Essa é a dança da presença.

Ela exige treino. Atenção. Intuição refinada.
Mas, às vezes, a vida nos distrai.

Quando você é pega de surpresa

E foi exatamente isso que aconteceu comigo.

As tarefas do dia, as exigências externas, os papéis sociais. Tudo isso me afastou da escuta.
E então, sem perceber, a onda já estava sobre mim.

Não houve tempo para reagir.
Não consegui me preparar.
Não consegui correr ao encontro.

Fui engolida.

Medos antigos voltaram à tona.
Dúvidas, julgamentos, dor.
O que até então era certeza, perdeu o sentido.

Mas então, em meio ao caos, lembrei da segunda forma de não se afogar.

Segunda forma: o mergulho silencioso

Quando você não consegue surfar a onda, a única alternativa é se entregar.
Afundar com coragem.
Atravessar o barulho da superfície.
Passar pela espuma, pelos gritos, pela confusão até alcançar o fundo do mar.

Lá, onde tudo desacelera.
Onde o tempo não manda.
Onde o silêncio mora.

Esse é o lugar onde mora a sabedoria da alma: o fundo de si mesma.

E foi lá que me encontrei.

Sua presença divina sabe

Antes de cada escolha difícil, aprendi a parar.
Fechar os olhos.
Respirar fundo.
E perguntar: “O que minha presença divina diz sobre isso?

Porque dentro de mim, e dentro de você também, coexistem duas forças:

  • A mente: lógica, caótica, inquieta.

  • A alma: profunda, silenciosa, ancestral.

A mente quer controlar. Ela projeta. Ela teme.
Ela é como a superfície do mar: agitada, sensível ao vento.

Já a alma é fundo abissal. É vastidão.
É bússola interna que sabe, mesmo quando tudo fora grita o contrário.

A diferença entre saber e confiar

Sua presença divina não responde com lógica.
Ela responde com presença.
Com uma sensação de “é por aqui”, mesmo que pareça irracional.

E nesse processo, compreendi algo importante:

Existe algo mais poderoso do que ter todas as respostas: é confiar que, mesmo sem entender tudo, você está sendo guiada.

Mesmo quando dói.
Mesmo quando é escuro.
Mesmo quando tudo em volta diz para desistir.

Confiar não é se conformar.
É saber que existe um sentido maior, mesmo que ele ainda não tenha se revelado.

O verdadeiro poder

Muitas vezes, acreditamos que ter poder é controlar tudo.
Dominar o cenário. Ter um plano sólido. Saber o que dizer, o que fazer, como reagir.

Mas o verdadeiro poder está em outra parte:
É saber silenciar.
É saber escutar.
É saber esperar.

É navegar com presença.
Mesmo sem ter um mapa.
Porque você está conectada à Fonte que sabe.

O tsunami como um chamado

E se a onda gigante não for um castigo, mas um convite?

Um chamado para você reconstruir com mais verdade.
Para deixar de ser quem esperavam e se tornar quem você é de fato.

Às vezes, só o caos consegue desmontar o que já não fazia sentido, mas que você insistia em manter porque é confortável deixar como está.

O tsunami vem e leva o que não está mais alinhado.
Assusta? Muito.
Mas também liberta.

Escute sua alma: ela tem respostas que a mente não alcança

Então eu te deixo essa pergunta como uma semente no fundo do seu mar interno:

Você tem escutado sua alma ou apenas obedecido à sua mente?

Não precisa responder agora.
Mas talvez seja hora de mergulhar.
Não para fugir da superfície, mas para ancorar sua verdade.

Como praticar essa escuta interna?

Aqui estão algumas práticas simples que me ajudam e talvez ajudem você:

1. Pare por 5 minutos todos os dias.

Feche os olhos. Respire fundo. Escute o que te agita por dentro.

2. Reconheça e questione.

Reconheça o que está sentindo, o que está gerando desconforto hoje. Pergunte: "Presença divina em mim, o que preciso fazer ou aprender para sair desta situação?

3. Escreva.

Diálogos com a alma acontecem melhor no papel do que na cabeça.

4. Cultive silêncio.

Nem que seja 10 minutos por dia sem estímulos, sem celular, sem ruído externo. Isso irá ajudar a estar presente e escutar as orientações da sua presença divina.

5. Confie no sentir.

A alma não fala com palavras. Fala com sensações, arrepios, ideias repentinas. Muitas vezes elas chegam numa frase que você lê, numa conversa que ouve, numa ideia inspirada que chega quando está relaxada.

Conclusão: mergulhe, mesmo que esteja no escuro

Você não precisa ter todas as respostas.
Mas precisa ouvir a parte de você que já sabe o caminho.

Os tsunamis da vida vão continuar a vir.
Com presença, entrega e escuta, eles deixarão de ser monstros e se tornarão mestres.

Você não veio para controlar o mar.
Você veio para aprender a nadar com ele.